quinta-feira, 12 de agosto de 2010

História do Movimento Reformado



A REFORMADA NA INGLATERRA

Alderi Souza de Matos

A história do movimento reformado na Inglaterra apresenta dois fenômenos com vastas implicações, um deles de caráter negativo e o outro, positivo. No aspecto negativo, a Inglaterra foi o primeiro país em que o calvinismo se dividiu em várias correntes, devido a diferentes entendimentos sobre a forma de governo da Igreja. O elemento positivo foi a realização da Assembléia de Westminster, que produziu os documentos doutrinários mais influentes da tradição reformada.

Até 1534, a Inglaterra foi solidamente católica romana. Naquele ano, o rei Henrique VIII rompeu com Roma e criou uma Igreja nacional inglesa, a Igreja Anglicana. Desde o século 14, com o pré-reformador John Wyclif e seus simpatizantes, os lolardos, havia surgido um forte movimento de valorização das Escrituras e protestos contra os desvios da Igreja Tradicional. Com o advento da Reforma Protestante, as idéias luteranas logo chegaram ao país. Todavia, algum tempo depois a reformada obteve maior aceitação.

Durante o reinado de Eduardo VI (1547-1553), filho e sucessor de Henrique, as influências reformadas se fizeram sentir de modo crescente. Martin Bucer, o reformador de Estrasburgo, passou os seus últimos anos na Inglaterra, e o reformador polonês Jan Laski foi pastor da Igreja de Estrangeiros em Londres. João Calvino correspondeu-se com Thomas Cranmer, o arcebispo de Cantuária, com o rei Eduardo e com Somerset, o lorde protetor. Dois documentos fundamentais redigidos por Cranmer, o Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos demonstraram claras influências reformadas.

Todavia, a marca mais profunda deixada pelo calvinismo na Inglaterra foi o movimento conhecido como puritanismo. Os puritanos eram os pastores e leigos calvinistas ingleses que insistiam que a Igreja Anglicana se tornasse mais “pura”, isto é, mais bíblica, em sua teologia, culto e forma de governo. Esse movimento produziu um vasto e duradouro impacto na sociedade inglesa devido às suas ênfases principais: estudo sério das Escrituras, pregação doutrinária e expositiva, valorização da experiência religiosa e da santificação, e uma visão abrangente da vida sob o senhorio de Deus.

No reinado de Maria, “a Sanguinária” (1553-1558), houve um vigoroso esforço no sentido de restaurar o catolicismo romano. Centenas de protestantes foram executados na fogueira e muitos outros se refugiaram no continente, em cidades como Zurique e Genebra. Sob Elizabete I (1558-1603) o anglicanismo adquiriu os seus traços definitivos, com a rejeição da teologia reformada. Os puritanos experimentaram uma repressão crescente por parte dessa poderosa rainha e de seus dois sucessores imediatos, Tiago I e Carlos I.

Infelizmente, em meio às tremendas dificuldades que enfrentavam, os puritanos ficaram ainda mais enfraquecidos por causa de sua falta de unanimidade na questão da forma de governo eclesiástico. Enquanto muitos deles eram presbiterianos, outros eram adeptos do sistema congregacional e alguns poucos queriam preservar o episcopalismo. O puritanismo atingiu o seu ponto culminante na década de 1640, quando os puritanos controlaram o parlamento inglês e convocaram a célebre Assembléia de Westminster.
Fonte: www.mackenzie.br 

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