quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A Confissão de Fé de Westminster: Da Fé Salvadora

Pr. Daniel Carneiro

I. A Fé e os Eleitos

A Confissão de Fé aqui chama nossa atenção para dois pontos. Ela diz:
1. “Os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas”.
De acordo com este parágrafo, a fé salvadora é uma dádiva ou dom de Deus que só os eleitos possuem. Os não-eleitos podem até desenvolver algum tipo de fé, como:
    1. Fé Histórica que é uma simples compreensão da verdade, mas vazia de qualquer propósito moral ou espiritual.
    2. Fé Miraculosa que é a convicção que uma pessoa tem em sua mente que um milagre será realizado por ela ou em favor dela.
    3. Fé Temporal que é a convicção das verdades religiosas que uma pessoa possui, mas que não tem suas raízes num coração regenerado.
Além destes tipos de fé, há a fé salvadora que tem sua sede no coração e suas raízes na vida regenerada. Esta fé salvadora é apenas dos eleitos de Deus (Ef 2.8; 2 Ts 3.2; Tt 1.1).
Esta fé salvadora
2. “É a obra que o Espírito de Cristo faz nos corações deles (eleitos)”.
O Espírito Santo é quem capacita os eleitos a crerem, derramando a fé salvadora nos corações deles. Para produzir a fé salvadora nos corações dos eleitos, O Espírito Santo se utiliza da instrumentalidade da Palavra de Deus que Ele mesmo inspirou. A Confissão de Fé diz que a fé salvadora “é ordinariamente operada pelo ministério da Palavra” (Rm 10.14,17).

II. A Fé e a Palavra de Deus

A Confissão de Fé aqui chama nossa atenção para três pontos. Ela diz:
1. “Por essa fé o cristão... crê ser verdade tudo quanto nela é revelado”.
É um contra-senso um crente  que não crê na Palavra de Deus. Infelizmente, há muitos que se chamam “crentes”, mas que não acreditam em certas passagens da Escritura que falam, por exemplo, de milagres, da encarnação do Filho de Deus, da Sua ressurreição etc., afirmando que tais passagens são mitológicas ou ficção religiosa e não fatos verdadeiros ou históricos. Dizem ainda que passagens que falam do céu  e do inferno, da salvação e da condenação, da segunda vinda de Cristo, do juízo final, da ressurreição dos mortos, são simbólicas e não literais.
Esta postura é de incrédulos, não de crentes. O crente, necessariamente crê na Palavra de Deus, pois, Ela é a verdade de Deus (Jo. 17.17; 20.27; At 24.14; 1 Ts 2.13).
2. “Por essa fé o cristão... age de conformidade com aquilo que cada passagem contém em particular, prestando obediência aos mandamentos, tremendo às ameaças a abraçando as promessas de Deus para esta vida e para a futura”.
Nos sempre agimos de acordo com o que cremos. Por exemplo, se alguém diz que há uma cobra em nossa cama e cremos nesta notícia, providenciamos uma maneira de matar o bicho. Ou se alguém diz que nossa casa está em chamas e cremos nisso, procuraremos fugir do local e providenciaremos chamar os bombeiros para apagar o fogo.
Assim se dá com a Palavra de Deus. Se realmente cremos Nela, nos Seus mandamentos, nas Suas ameaças, nas Suas promessas, devemos agir de acordo com tudo isso (Mt 7.24-27).
3. “Os principais atos da fé salvadora são aceitar e receber a Cristo e firmar-se só nele para a justificação e vida eterna”.
Isto é, somente em Cristo há salvação e vida eterna. Fora de Cristo o que espera os homens são as trevas do inferno (Jo. 1.12; At 15.11; 16.31).

III. A Fé e Seus Graus

“Esta fé é de diferentes graus, é fraca ou forte... mas sempre alcança a vitória”.
Quando a fé é forte, o crente tem perfeita segurança em Cristo; porém, quando a fé é fraca o crente não tem perfeita segurança em Cristo e chega a afirmar que não tem certeza da sua salvação. A Confissão de Fé diz que a fé “sempre alcança a vitória”, ou seja, a fé sempre avança para a maturidade. Ela se fortalece. Mas, como o crente pode alcançar o crescimento da sua fé? A Confissão diz que para que a fé seja aumentada nos crentes, O Senhor providenciou a “administração dos sacramentos e a oração”, para serem usados legitimamente pelos crentes.
O problema com muitos crentes é que eles não têm uma vida de oração e negligenciam os sacramentos, especialmente a ceia, participando dela apenas de vez em quando. O resultado disso é uma fé fraca.
Que Deus nos livre desta negligência para que tenhamos sempre uma fé forte.

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Sobre o autor:
O Pr. Daniel Carneiro da Silva é ministro da IPB e está à procura de campo. É professor de Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Religião e Sociedade Pós-Moderna e Símbolos de Fé no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), em Recife.

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