segunda-feira, 2 de janeiro de 2012


OS CÂNONES DE DORT
OS CINCO ARTIGOS DE FÉ SOBRE 0 ARMINIANISMO

A DIVINA ELEIÇAO E REPROVAÇÃO*

Artigo 1 ‑ Toda a humanidade é condenável perante Deus

Todos os homens pecaram em Adão, estão debaixo da maldição de Deus e são condenados à morte eterna. Por isso ninguém teria sido injustiçado se ele tivesse resolvido deixar toda a raça humana no pecado e sob a maldição e decidido condená‑la por causa do seu pecado, de acordo com as palavras do apóstolo: ... para que se cole toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus..., e ... o salário do pecado é a morte ... (Rm 3.19,23; 6.23).

Artigo 2 ‑ 0 envio do Filho de Deus

Mas nisto se manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo .... ... para que todo o que nele crê não pereça, mos tenha a vida eterna. (lJo 4.9; Jo 3.16).

Artigo 3 ‑ A pregação do Evangelho

Para que os homens sejam conduzidos à fé, Deus envia, em sua misericórdia, mensageiros dessa alegre boa nova a quem e quando ele quer. Pelo ministério deles, os homens são chamados

ao arrependimento e à fé no Cristo crucificado. Porque ... como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? (Rm 10.14,15).

Artigo 4 ‑ Um duplo resultado

A ira de Deus permanece sobre aqueles que não crêem no Evangelho. Mas aqueles que o aceitam e abraçam a Jesus, o Salvador, com uma fé verdadeira e viva, são redimidos por ele da ira de Deus e da perdição, e presenteados com a vida eterna (Jo 3.36; Mc 16.16).

Artigo 5 ‑ A causa da incredulidade e a fonte da fé

Em Deus não está, de forma alguma, a causa ou culpa dessa incredulidade. 0 homem tem essa culpa, assim como a de todos os demais pecados. Mas a fé em Jesus Cristo e também a salvação por meio dele são dons gratuitos de Deus, como está escrito: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus...(Ef 2.8).
Semelhantemente, Porque vos foi concedida a graça de ... crer em Cristo (Fp 1.29).

Artigo 6 ‑ Decreto eterno de Deus

Deus nesta vida concede a fé a alguns enquanto não concede a outros. Isto procede do eterno decreto de Deus. Porque as Escrituras dizem que ele ... faz estas coisas conhecidas desde séculos... e que ... ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade ... (At 15.18; Ef 1. 11). De acordo com este decreto, ele graciosamente quebranta os corações dos eleitos, por duros que sejam, e os inclina a crer. Pelo mesmo decreto, entretanto, segundo seu justo juizo, ele deixa os não‑eleitos em sua própria maldade e dureza de coração. E aqui especialmente nos é manifesta a profunda, misericordiosa e ao mesmo tempo justa distinção entre homens que estão sob a mesma condição de perdição. Este é o decreto da eleição e reprovação* revelado na Palavra de Deus.
Ainda que os homens perversos, impuros e instáveis o deturpem, para sua própria perdição, ele dá um inexprimível conforto para as pessoas santas e tementes a Deus.

Artigo 7 ‑ Eleição definida

Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e defini~ do de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído, por sua própria culpa, de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, mas envolvidos na mesma miséria. São escolhidos, porém, em Cristo, a quem Deus constituiu, desde a eternidade, Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação. E, para salvá‑los por Cristo, Deus decidiu dá‑los a ele e efetivamente chamá‑los e atrai‑los à sua comunhão por meio da sua Palavra e de seu Espírito. Em outras palavras, ele decidiu dar‑lhes verdadeira fé em Cristo, justificá‑los, santificá‑los, e depois, tendo‑se guardado poderosamente na comunhão de seu Filho, finalmente glorificá‑los. Deus fez isto para a demonstração de sua misericórdia e para o louvor da riqueza de sua gloriosa graça. Como está escrito ... assim como nos escolheu nele, antes do fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado... E em outro lugar: E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também, glorificou (Ef 1.4‑6; Rm 8.30).

Artigo 8 ‑ Um só decreto de eleição

Esta eleição é múltipla, mas ela é uma e a mesma de todos os que são salvos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. Pois a Escritura nos prega o único bom propósito e conselho da vontade de Deus, pelo qual ele nos escolheu desde a eternidade, tanto para a graça como para a glória, assim também para a salvação e para o caminho da salvação, o qual preparou para que andássemos nele (Ef 1. 4,5; 2. 10).

Artigo 9 ‑ Eleição não baseado em fé previste

Esta eleição não é baseada em fé prevista, em obediência de fé, santidade ou qualquer boa qualidade ou disposição, que seria uma causa ou condição previamente requerida ao homem para ser escolhido. Ao contrário, esta eleição é para a fé, a santidade, etc. Eleição, portanto, que é a fonte de todos os bens da salvação e, finalmente tem, a própria vida eterna como seu fruto. É conforme o testemunho do apóstolo: Ele ... nos escolheu... não por sermos mas ... para sermos santos e irrepreensíveis perante ele ... (Ef 1.4).

Artigo 10 ‑ Eleição baseada no bom propósito de Deus

A causa desta eleição graciosa é somente o bom propósito de Deus. Este bom propósito não consiste no fato de que dentre todas as condições possíveis Deus tenha escolhido certas qualidades ou ações dos homens como condição para a salvação. Mas este bom propósito consiste no fato de que Deus adotou certas pessoas dentre a multidão inteira de pecadores para ser sua propriedade.
Como está escrito: E ainda não eram os gêmeos nascidos nem tinham praticado o bem ou o mal... já lhe fora dito a ela (Rebeca): 0 mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú. E ... creram os que haviam sido destinados para a vida eterna (Rm 9.11‑13; At 13.48).


[1] Observação: termos e nomes marcados por * são explicados no Glossário, no final do livro.

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