quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A MINHA GRAÇA TE BASTA


“A minha graça te basta” (2Coríntios 12:9)

“...Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais ( Deus vos trata como filhos ); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.” (Hebreus 12:5-8)


No capítulo 12 da segunda carta aos Coríntios, Paulo descreve que em sua carne fora posto um espinho (não descrito com clareza), pelo qual orou três vezes a Deus para que ele fosse retirado, porém o que ouviu do Senhor foi “a minha graça te basta”. O autor do livro de Hebreus 1 discorre acerca da prova do amor de Deus na correção. Mesmo sendo epístolas que buscavam tratar de assuntos diferentes 2 ambas mostram o tratar de Deus com o homem nas adversidades. Há quem diga que o sofrimento não é algo que os verdadeiros cristãos passem, mas veremos que esse tipo de pensamento está em disparidade com o evangelho das Escrituras.
Imagine se nenhum dos personagens bíblicos tivessem sido sujeito à provações ou a certas afrontas e ultrajes. Imagine agora quem seria você se não tivesse passado por alguma adversidade na vida. Certamente se tais coisas deixassem de acontecer não conheceríamos nem o pouco que conhecemos sobre a misericórdia e graça divinas e com toda certeza não teríamos crescido na fé. E assim confesso que a cada adversidade que vivo e após seu termino, lembro das outras e me pergunto duas coisas: onde eu estaria e como eu seria, caso elas não tivessem acontecido em minha vida. E é interessante porque na mesma medida que perguntas como essas aparecem lembro-me do paralelo que certa vez pude perceber: Paulo e Esaú.
Lembrando que Esaú, filho de Isaque e neto de Abraão, foi homem perito em caça, homem do campo (Gn 25:27) e uma de suas características era ser impulsivo e por isso acabou por vender a sua primogenitura a seu irmão em troca de uma refeição (pois havia voltado do campo e se achava bastante fraco e faminto) e em um momento mais a frente, perde a benção do seu pai. Pela venda de sua primogenitura Esaú foi considerado por Paulo como um desrespeitador das coisas sagradas, abdicando de um direito tão impar quanto o de ser peça importante no plano de Deus. Não, não ache que fugi ao tema, pois se continuar lendo a história de Esaú verá que ele foi alguém que viveu a seu bel prazer, ou em outras palavras, a vida deste homem foi entregue a sua vontade errante de viver a vida como bem quis. Esaú foi um típico filho bastardo, sem correção; alguém que simplesmente viveu sem buscar o conhecimento de quem era Deus e qual a importância disto para Ele.
Olhando para vida de Paulo, notamos claramente por tudo o que viveu e escreveu era reflexo de uma vida transformada pela ação divina. Paulo quando buscou fazer aquilo que bem queria (perseguir os cristãos da época), Deus o impediu, literalmente derrubou-o do cavalo, o fez cair de seu ego. E para que Paulo não esquecesse de que dependia totalmente de Deus, tinha uma dificuldade (espinho na carne, como dito acima)
Existe uma diferença entre a forma que cada um dos personagens citados agiu. Enquanto um, atraído pela graça de Deus, foi moldado e aperfeiçoado outro foi quem ele “desejou” 3 ser.
O mais miserável dos seres humanos é aquele que Deus simplesmente deixou ser o que bem quis ser, por assim dizer. Ou seja, os que estão sem repreensão, constituem, na verdade aqueles que são obras da criação de Deus, mas que se apresentam como filhos bastardos, mas que nesse caso, foram os filhos que não reconheceram Deus como pai, assim como Esaú desconsiderou a primogenitura, assim como o rei Saul foi o rei que desejou ser e não que Deus o ordenou a ser.
Spurgeon em um de seus sermões devocionais sugeriu a pequena “parábola” :

Há um farol em alto mar: a noite está calma - não posso dizer se sua estrutura é sólida ou não; a tempestade precisa desabar sobre ele, e só assim saberei se continuará em pé. Assim é com a obra do Espírito Santo: se ela não fosse cercada por águas tempestuosas em muitas ocasiões, não saberíamos que é forte e verdadeira; se os ventos não soprassem sobre ela, não saberíamos o quanto é firme e segura. As obras-primas de Deus são aqueles homens que permanecem firmes, inabaláveis, em meio às dificuldades:  "Calmo em meio ao choro transtornado Confiante na vitória."

                Em qualquer situação, a graça de Deus nos basta. Se estamos sendo açoitados pelas dificuldades nesse momento é por uma razão, é para o nosso aperfeiçoamento, para o crescimento do cristão.

Soli Deo Gloria



[1] Não se sabe ao certo quem escreveu, porém supõe-se Paulo como um dos mais prováveis.

            [2] Em 2ª Coríntios o propósito era Afirmar o ministério do Paulo e defender sua autoridade como apóstolo, assim como refutar aos falsos professores em Corinto.  Já no livro de Hebreus, Apresentar a suficiência e a superioridade de Cristo.

            [3] Logicamente, desejou viver de acordo com a influência pecaminosa natural e também inerente a todo homem não regenerado.


Felipe Alexandre Medeiros


@felipe_ipb
 
Fonte: www.ump-da-quarta.blogspot.com/

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